domingo, 3 de abril de 2011



Os valores da humanidade estão cada vez mais corrompidos. O que realmente importa para o ser humano viver feliz e em harmonia?

Encarar a vida despretensiosamente é uma maneira de abdicar de valores fúteis da nossa cultura ocidental, é uma maneira simples de sintonizar-se com o tempo.

Mas o que vem a ser Wabi Sabi?

Na idade média, os nobres e lideres militares frequentavam festas luxuosas, onde utensílios e obras de artes chinesas caríssimos eram presenteados e exibidos. Em oposição à ostentação destas festas, os monges e sacerdotes criaram a cerimônia do chá, onde eles tinham acesso direto e intuitivo à verdade transcendental acima de qualquer concepção intelectual e materialista. Nestas cerimônias, utensílios rústicos eram utilizados para preparar e servir o chá. Estes utensílios eram de cerâmica, feitos de forma despretensiosa, minimalista, a base de argila e engobe, sem detalhes, queimados em fornos anagama e noborigama. Estes fornos queimavam as peças por mais de 36 horas em alta temperatura. O calor e ação das cinzas das lenhas queimadas durante o processo de sinterização da cerâmica proporcionavam às peças formas, cores e efeitos assimétricos, imprevisíveis. A arte advinha das reações naturais da terra, água, fogo e ar; sem padrões de estética. Peças, que eram únicas, irregulares e imperfeitas, surgiam. Assim como tudo ao redor da cerimônia do chá, apreciava-se então a beleza destes utensílios que eram inacabados no tempo. A beleza modesta e humilde. A beleza das coisas não-convencionais.


Escultura em processo de criação - 2011

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